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quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Eu sinto depois da meia noite.

Tenho pensado na vida e suas variáveis, nesses tempos, onde uma grande lua cheia iluminava as noites, eu passei várias delas acordado me perguntando quem sou.

Os anos vão passando cada vez mais depressa.
Os minutos cada vez mais devagar.

E nessa relatividade vou eu, conectando os pontos e tentando resolver o grande quebra cabeças que é...

Viver é muito complicado,
São esperanças e expectativas que cercam, pressionam, pedem por ações.

Muitas vezes me perco nos vazios, do que podia ter sido, do que foi, do que vai ser

Estar.

Do outro lado do oceano me encaro, não sei como cheguei, não sei como voltar. E se soubesse, voltaria pra onde?

Pensar na vida é enfrentar o terror do parafuso entrando na cabeça. Cada volta mais apertada, cada centímetro uma dor. E dor nem é a palavra certa.

Nós somos um não sei de possibilidades que não se concretizaram. Mas negações não formam uma pessoa.

Eu sou o que? As escolhas que fiz, as que deixei de fazer? Eu sou quem está no controle da minha vida?

Pensar é fazer perguntas? Sento no escuro do que sou para falar do que não é. E não, ser não é negar.

Como me atinge o que nego? Construo casas com tijolos imaginários, os colo com cimento fresco. Refresco minha memória, quem eu sou?

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Dentro de mim

Sempre tive medo de altura, de altura não, de cair.
Não gosto de chegar perto de janelas em andares altos, sempre tive a sensação de que meus óculos escorreriam pelo meu nariz e ao encontrar seu fim e se atirar nesse abismo eu me jogaria lá de cima pra resgatá-los.

Medo não tem sentido.

Eu tenho medo de escuro. As lembranças voltam ao tempo da infância, quando as luzes se apagavam vinha o medo de que no escuro eu não veria quando algum mau viesse me procurar. Já teorizei sobre isso, tenho claros na memória alguns pesadelos que me contam histórias reais de terror nas suas entrelinhas.

Medo tem forma.

Eu não gosto de ficar sozinho. Bom, eu não gostava. Na adolescencia eu comecei a entrar em pânico quando ficava só em casa. Carreguei por muito tempo essa aversão, se não houvesse mais ninguém em casa comigo eu ligava a tv, o som, o computador e telefonava pra alguém. Pedia por favor que conversassem comigo sobre o dia, inventassem uma estória, qualquer coisa que me fizesse focar em outra coisa se não o horror que me encontraria porque eu estava sozinho. Pânico. Minha cabeça pregava peças, meus olhos viam coisas, meus ouvidos escutavam o que não existia.

Medo é esmagador.

Essas travas as vezes me impedem de me ver como "normal", elas encontram abrigos em medos novos, elas me fazem sentir um nada. Me ensinaram que eu era menos. Menos gente, menos mulher, menos filha, menos querida. Essa foi minha infância e não existe culpa específica para explicar porque a criança que eu fui se sentia assim, é questão coletiva, é expectativa social.

A expectativa matou meus sonhos. Constato isso sem dor, não acredito que uma variável ou outra teria mudado minha história significativamente. Eu aprendi a cada ano que eu merecia pouco, que eu fazia pouco, que eu era pouco. Eu tinha sempre que ser mais, fazer mais, valer mais pra receber reconhecimento. Tentativas nunca contavam como positivas. Desde muito cedo a frustração me acompanha e eu temo continuar ainda um pouco mais lutando pra lidar com cada frustração que ainda vou viver. Eu sei que vou me frustrar muito nessa vida e tenho medo.

O medo é uma força negativa. Paralisante. É a impressão de que as coisas vão dar errado. Que não vou ser forte. Que não vai ser suficiente.

Eu cedi muito da minha vida pra esse sentimento. Tentei evitar me encontrar com ele, me isolei, errei... Errei muito! Errei em nome de um medo que sequer eu sabia nomear.

Medo é paralisante.

Não existe solução (pro meu coração), não tem nenhuma moral no que eu disse. O medo é real, o medo é controlador. Esse texto não tem um final feliz, ele não tem nem final. Os medos persistem, as vezes fortes, as vezes fracos. Tenho aprendido que de nada adianta temer sentir medo, isso o alimenta. Tenho seguido um dia de cada vez, uma coisa de cada vez, mesmo na incerteza tenho caminhado.

Mesmo no erro, mesmo com medo. Minha resistência é minha maior dádiva e viver é revolucionário. Medos podem ser superados.

terça-feira, 10 de julho de 2018

Qual o som das ondas quando não há ninguém para ouvi-las?

Te beijar não é uma expectativa, como numa obrigação cotidiana
como trabalhar ou lavar os pés.
É desejo, uma esperança que pode ou não se concretizar.
É um sabor que faz falta no café da manhã,
Um carinho gostoso de se ter.
Ter?
O que tenho são as lembranças, as sensações.
O que tenho é a vontade de te ver feliz.
Isso basta?
Isso acalma. Sentir seus beijos me faz feliz, te faz?
Minha vontade às vezes é de não soltar minha boca da sua.
Na impossibilidade me satisfaço de outras formas,
Me deixo contente com notícias boas,
Me acalento com a visão de que nada na vida é imutável, mesmo que improvável.
Não posso mudar o mundo para acolher todas as minhas vontades
Nem mudar minha vontade pra encaixar o mundo.
Deixo fluir, liberto, pra entender os espaços que ocupo, que me cabem,
que me afastam e aproximam dos seus lábios, como onda.

segunda-feira, 25 de junho de 2018

nota de pé de página

quando acordei, o céu estava cinza
o vento soprava com força e o dia parecia de cabeça para baixo

uma árvore caiu no meio dia
suas raízes expostas me contavam dos anos de sua existência

uma arvore caiu no meio do dia 
de uma cidade agitada e indiferente
cinza e seca, áspera

o asfalto quente machucava meus pés descalços
ali no meio do dia enquanto via a árvore no chão

'cupins!' dirão alguns
sempre justificando o que não sabem
'ouvi dizer que árvores caem aos sábados'
'foi culpa do solo da região'

mas a árvore permanece deitada
logo menos, brigarão por partes de seu tronco
farão bancos, escrivaninhas.

a vida da árvore, a sua queda, nada disso importa

enquanto divago, meus pés ainda descalços continuam a queimar no asfalto

sábado, 23 de junho de 2018

Tempo e espaço

Eu penso sempre nas noções que temos de espaço e tempo, como entendemos essas medidas. Essa medida.

O universo é engraçado, não?
construímos carros, navios, aviões para superar distâncias, usamos relógios, movimentos estelares pra contabilizar o tempo. Então como explicar que eles são uma coisa só? como entender esse caos orquestrado que rege nossa existencia?

Vamos marcar um período de tempo, por exemplo 6 anos. Usar também uma medida de distância, talvez umas 300 milhas? Pode ser em quilômetros, quase 500!

O que se sabe com essas informações? O que pode se supor? Que histórias consegue imaginar com esses dados? Quer ouvir a minha?

Vou voltar à teoria. o universo é uma coisa, um trem, tão grande, que pra contabilizar distâncias contamos o tempo que a luz demora pra chegar até determinado ponto. a luz, aquela coisa, trem, que atinge velocidades difíceis de imaginar. 

E o pensamento? qual sua velocidade? o pensamento, dizem, é mais lento que a velocidade do som, ele parece rápido porque só percebemos o nível consciente do seu processamento. o resto é escuro.

Essas aleatoriedades pra tentar entender como é possível que nesse espaço de tempo que eu citei, seis anos, eu sinta como se tivesse experimentado uma vida inteira. nascer e morrer.

O que o universo pode me trazer de consolo? de entendimento?
O que eu faço com essa informação?

No desespero eu vejo graça, na falta de conhecimento eu vejo luz.

Como pode ser que eu sinta tudo isso? Como é que eu te amo?

Tudo na vida é relativo

Eu passei muitos anos relativizando. é coisa da minha cabeça. só eu me sinto assim.

Mas será, me perguntei algumas vezes. parece tão real, será que sou só, sou só eu?

O espaço dilatou, o tempo contraiu, o mesmo com meus pulmões. Nasceram cabelos brancos, surgiram cicatrizes... Com você também? Claro! Claro que sim! Você existe, não existe? Então está exposta ao vai e vem das ondas da vida, também viveu tsunamis. Porém como explicar? A vida acontecia, morte e vida, e ainda sim permaneceu.

Novamente pergunto, pra que relógios? Carros e afins? Estivemos lado-a-lado em várias ocasiões. Te vi, te alcancei, ou terá sido você?

domingo, 15 de abril de 2018

Pecan em Ré

Quanto tempo demora pra percorrer alguma distância, encurtar o espaço, dobrar esse tempo?


Quantas inspirações e expirações eu preciso contar?


Quantas vezes tenho que ouvir essa música no repeat?


Quantas perguntas posso formular?

São muitas as dúvidas, existe aula de reforço nessa matéria?

Cinquenta e duas mil, quinhentas e sessenta horas.

E ainda assim, permanece.

Vem ver

Beringela

     Hoje eu quis falar com você, conversar sem nenhuma restrição sobre tudo o que fosse e é e será. Hoje eu quis muito que a cozinha fosse ...