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domingo, 2 de maio de 2010

Fernando Pessoa

Eu gosto tanto, mas tanto do Pessoa que hoje nem quero escrever nada meu.
Farei dele as minhas palavras, e com tanta convicção de que são verdades para mim que será como se fosse meu... Assim como um poema deve ser, escrito por outra pessoa, mas verdadeiro pra muitas...

Verdadeiro pra mim de muitas formas... E sempre.


Far-te-ei um sonho meu. Ressuscitada
Tua alma mesma será outra e minha.
Libertar-te-ei de ti. Não eras nada.
Serás meu ser, não tu, como és agora
Teremos, o tempo e a terra em nós definham,
O amor nosso lugar, Deus nossa hora.

Como um Deus que pra amar um mundo cria,
Criar-te-ei. Achar-te-ei em Deus e em ti,
Perdido o antigo ser que te fazia
Não me amar, não amar, viver apenas
Uma vida vendida de si
A horas perturbadas e serenas.

Eu que subi a Deus, encontrarei
O fogo sagrado de Prometeu
Com que teu morto ser anunciarei,
Tua alma e corpo mortos totalmente
Novo Pigmalião farei do meu
Fogo viver/vivo, pra além de *.

F.P. [1909]


*espaço em branco deixado pelo autor.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Me sento na calçada...

Caminho sem rumo certo por entre nuvens adocicadas
Suspiro suave a mudez da minha voz
Me calo com sua ausência tão presente
Me esquivo das tuas saudades que me devoram por dentro
Procuro formas de domar as vontades que me assaltam no meio da madrugada, do dia, do sonho...
Me perco no percurso de me procurar
Me agito me afasto me erro
Toco meu pensamento para que, junto com ele, possa te tocar.
Perco a hora, os dias, o tumulto de viver
Me canso, retomo o rumo, perco, ganho e me revelo.
O meu amar me impulsiona, me persegue
O meu amor me encanta, me inspira
O meu coração me domina, me esquece.
Num sobressalto percebo que foi apenas um devaneio, um relance de pensamento que me tomou por alguns segundos.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

domingo, 8 de novembro de 2009

Você se importa?

Procurei tantas formas de me encaixar
(ser exatamente o que precisava que eu fosse)
Procurei me adaptar, me tornar aquilo que eu queria ser

Não sei o que mudou, não sei ao certo o que mudei...
Mas me sinto perdida dentro de mim mesma.
Me sinto sem rumo, sem porto seguro.

E essa solidão inesperada me tira tudo, me dá tudo.

Queria uma casa, uma montanha, uma fuga.
Dessa realidade, da minha, da sua.
Queria uma negação tão grande que afirmasse exatamente o que eu sou.
Abdicar de tudo, esquecer de tudo para restar somente eu.

E esse eu fosse tão forte, tão puro que me envolvesse por completo, a ponto de não precisar mais de outros braços para me embalar, outros colos para me ninar, outros eus pra me completar.

Queria que esse eu fosse tão eu que não me esquecesse jamais desse que sou.
Dessa grande confusão, dessa grande mancha, dessa grande mentira que sou.

Mas como me procurar assim dentro de mim se eu não sei onde me deixei?

Os sabores, os cheiros, os toques, tudo o que senti, vivi, tudo o que estou, todos os lugares que sou, tudo isso me impede de ser esse eu tão sutil e volátil que procuro.

E ainda existe o medo, esse medo que vem de dentro e não tem fundamento nenhum.
Esse medo exatamente do eu que procuro.
Esse medo do eu que procuro
Esse medo que procuro
Do eu.

Agora, nessa noite, de procura, me enterro em mim, me afogo nessas lembranças, exatamente pra esquecer de tudo e me encontrar.

Nada me falta.
E exatamente desse nada que mais preciso.

Dá-me de beber desse nada que me compõe!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

[In]sensatez

As vezes, só as vezes, eu quero, assim bem pouco que o seu corpo esteja tão longe de mim que o desejo se torne zero e que o seu cheiro, aquele bendito inconveniente, pare de me perseguir, fazendo assim que pelo menos por pouco tempo eu pare de querer tanto que o seu corpo, bonito corpo, fique assim tão perto e que seu cheiro venha de dentro de mim e o desejo envolva tudo ao seu/meu redor.

As vezes, bem as vezes, eu penso que quero bastante mesmo por um instante que seja sua a minha e que minha a sua inteira e que assim de pronomes possessivos eu possa ter-te minha e fazer-me tua de forma a saciar isso que não sei nominar, de uma vez por todas e todas de uma só vez. Fazendo uma troca nas palavras que nem eu possa entender que no final mesmo de tanta lorota tudo o que eu queria realmente te dizer é que.

*pausa para respirar já com dificuldade*

As vezes bem as vezes eu queria poder ter o dom, eu queria poder ter o som, eu queria poder dominar as palavras para poder moldá-las e dizê-las da forma que eu sinto e sentí-las da forma que escrevo. E que assim, escrevendo, eu possa viver e aprender a dizê-las sem que o mundo pareça doido demais para ouví-las.

Vem ver

Beringela

     Hoje eu quis falar com você, conversar sem nenhuma restrição sobre tudo o que fosse e é e será. Hoje eu quis muito que a cozinha fosse ...