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sábado, 6 de fevereiro de 2010

Desab[af]o

Eu queria escrever um conto bonito, leve, livre... Poderia muito bem transcrever do caderno um que muito gostei, mas hoje não posso.
Hoje estou presa e irritada.
Hoje estou revoltada com muita coisa que nem cabe em mim.

Hoje eu estou triste com o que não foi mudado,
Hoje estou brava com os que não ajudam,
Hoje estou puta da vida com os que matam por matar, e mais ainda dos que matam sem saber...

Enfim, hoje eu estou revoltada com uma raça, que é praga, e da qual eu faço parte.
Sendo assim, vou transcrever um texto, mas ele é pura mágoa.

Escalo aquela montanha de lixo e corpos em putrefação, lá do alto vejo brilhos e luzes, vermelhas brancas, bombas e balas.

Aos meus pés o resto, do que fui, do que sou, do que podia ser. E muitos outros estão ali também, sem futuro, debaixo de destroços e de merda.

De cima da montanha de sujeira, algo parece cair como neve nas nossas cabeças, a diferença é que além de não ser branca, ela queima.

Milhões de flocos de cinza caem como no natal dos filmes que víamos na tevê. Mas a mensagem é outra, é a falta de futuro, é a morte, a dor, as chagas que ficarão na nossa terra, nossa casa, nossa pele.

É o fim.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Despedida

E pela janela do quarto eu vejo meus olhos molhados, molhados do adeus que dei a mim mesma.
Me deixei partir, no momento em que chovia...
Chovia de leve, e as gotas dançavam no vidro dessa janela...
Janela mesma onde já passei dias e noites admirando os mesmos olhos, antes secos, antes belos, antes cheios de sonhos.
Me despeço de mim, esse eu que era agora mesmo, nesse instante passado... E que se remodela a cada instante que chega...
Aprende, confunde, chora.
Chora de saudade, de nostalgia.
E nostalgia essa agora sabida de onde.

Na janela molhada que encara meus olhos de despedida, cada gota reflete a mesma imagem, um espelho.

Tudo jogado pelo nada que se tornou o quarto, a máquina de escrever, a música composta e incompleta, os pares e pares de sapatos, roupas, eu.
As paredes parecem menores, e cada vez mais vivas, mais cheias, mais intensas.
A subjetividade de cada palavra poema trecho. Tantas palavras, mas nenhuma se encaixa quando quero falar. Quando devo falar.

O sorriso dela, desenhado ao meu redor.

O que seria esse rio sem fim, apenas a ilusão de que preciso levantar?
Re-começar, re-erguer.

Pela janela do quarto ainda posso me ver, dobrando a esquina... Hesitante ainda olho para trás, há tempos não olhava... E ao fazer isso me deparo com todas que já fui, todas que sou... Todas elas, do outro lado da janela a olhar pra mim. Re-uno a coragem pra continuar, me viro, dou um passo. Sinto que vou e que me deixei pra trás. Me separo de mim pra parar, parar com tudo, quer dizer, com tudo isso que me para, me impede.
Impedir. Antes houvesse um motivo isolado, mas são todas eu, juntas, me impedindo.
Sei que preciso me deixar ir, sei que preciso dizer adeus para as que ficam do outro lado da janela, continuo caminhando, debaixo da chuva leve, que molha e acaricia minha pele, minha face.

Adeus, até logo, não se demore.

"Correu a chuva em meu rosto, nem se percebia que chovia eu." O.P.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Carta

Escrever para alguém é complicado.
Escrever para alguém que não conheço é mais ainda...

É uma insegurança, um medo, medo de não sei o que.

É que quando a gente escreve pra quem não conhece muito bem, nunca se sabe o que falar, como falar. E quando não se sabe o que falar, como escrever?
Se faltam palavras, minha tarefa se complica um pouco mais, não?

Estive ausente, de mim mesma até. Principalmente de mim.

Estive longe tentando buscar soluções, mas veja, não consegui.

Agora de volta, procuro como resolver o que ficou.
E ficou isso, a falta de palavras.

Preciso contar, estou insegura das palavras, insegura de tudo.
Estive pensando muito, pensando em sentimento, em sentido.
Agora eu quero sentir.
Sentir o que quer que seja pra acabar com essa falta.

Falta de sentir.

E me assusto com isso. E o susto me impede de falar. Você me impede. Não sei como, tudo é tão prático, tudo funciona, tudo é simples.
Comigo não... É complexo, difícil, complicado...
Tudo muito barroco. Impossível.

Acho que isso que me trava.
Me sinto menor, menos, por ser tão difícil.
Eu sou minha própria crítica, e sou muito severa.

As coisas estão procurando se resolver na minha cabeça,
Num grande jogo.
Jogo de paciência, só pode.

Esperando o curinga, ou o ás de copas...

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Momento

A sensação é de estar em alto mar. E depois daquele desespero de não ter pra onde ir vem a calma de onde se está.
Boiando, no silêncio das horas...
Tranquila...

Mas o medo sempre alcança a gente, medo de algum bicho que possa aparecer, medo do tempo que pode mudar, medo das horas se transformarem em dias... Medo de não aguentar...

Uma urgência de contato, de outra companhia... Uma urgência de dividir o momento.

Estar só as vezes ocupa muito espaço, sufoca.

E o silêncio da brisa, passando junto com o tempo,
Passando junto com os pensamentos...
Passando,
passando...
Embalam um sono mais sufocante ainda, sem nexo, anexo, contexto.

Uma coisa sobrepondo outra, numa dança, num movimento sem sentido...

Num tormento.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Santa Chuva

Rabisca, rabisca com força o canto da folha.
Canto que antigamente sustentava pequenas palavras de carinho
e que a muito não são mais repetidas.

Rabisca, rabisca com força a parede do quarto.
Canta nela todas as músicas que escuta nesse momento.

Digita rápido e nem pisca,
as palavras precisam de força pra sair, estão inseguras, estão confusas;

É essa saudade que não passa de qualquer forma,
é essa saudade que cega,
é essa saudade que não espera mais,
é essa saudade que desespera.

É essa vontade onde nada é suficiente, onde nada é certo, onde nada é tudo o que me cerca.
Nada são as pessoas que me cercam
Nada sou eu
Não sou nada.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Me sento na calçada...

Caminho sem rumo certo por entre nuvens adocicadas
Suspiro suave a mudez da minha voz
Me calo com sua ausência tão presente
Me esquivo das tuas saudades que me devoram por dentro
Procuro formas de domar as vontades que me assaltam no meio da madrugada, do dia, do sonho...
Me perco no percurso de me procurar
Me agito me afasto me erro
Toco meu pensamento para que, junto com ele, possa te tocar.
Perco a hora, os dias, o tumulto de viver
Me canso, retomo o rumo, perco, ganho e me revelo.
O meu amar me impulsiona, me persegue
O meu amor me encanta, me inspira
O meu coração me domina, me esquece.
Num sobressalto percebo que foi apenas um devaneio, um relance de pensamento que me tomou por alguns segundos.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

@caroltalks

Eu estava lendo umas coisas de uma pessoinha que descobri gostar e que me surpreendeu... Descobri tbm gostar dos textos e do modo como ela escreve...
Mas o que eu queria dizer no início da linha é que ao ler o que ela falava me deu uma vontade de escrever... Contar mesmo algumas coisas que tem ficado muito aqui pra dentro...
É que ano novo tem dessas coisas de pensar no que passou, no que tem por vir...
E por mais que eu faça isso quase todo dia, sei não... Tem um quê de mágica...
E eu tenho sentido falta de acreditar em mágicas...

O texto dela que eu li é tão fofinho, tão leve, que me inspirou...
Não só a escrever como a pensar...
Pensar nas pessoas que eu amo e que quero que passem mais um ano comigo, um século, um dia, uma hora.
Me lembrou que eu gosto da companhia dessas pessoas e que eu deveria procurar mais por elas...
Me lembrou que meu amor é tão grande que eu devo lembrá-las sempre que mesmo distante, mesmo calada, mesmo emburrada, mesmo bravinha, mesmo desanimada, essas são as pessoas que me fazem querer ser melhor a cada dia...
E mesmo que elas saibam eu devo e gosto de lembrá-las, vocês me fazem ser mais! Mais eu, mais humana, mais sonho, mais real, mais! Mais! Mais!

Então que seja doce, que seja azedo, que seja cheio de sabores e descobertas e redescobertas, e amores, e sonhos, e vôos nas nuvens, e companhias...
Que vocês sempre tenham um pedacinho da alma/coração reservado pra mim, porque o meu... O meu é todo de vocês.

Eu amo tanto, mas tanto!

Que vocês passem os dias comigo, presentes ou não, mas com a certeza que são presentes na minha vida.

Amo vocês.

Vem ver

Beringela

     Hoje eu quis falar com você, conversar sem nenhuma restrição sobre tudo o que fosse e é e será. Hoje eu quis muito que a cozinha fosse ...