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quarta-feira, 15 de abril de 2009

Interrogação

Neste tormento inútil, neste empenho
De tornar em silêncio o que em mim canta,
Sobem-me roucos brados à garganta
Num clamor de loucura que contenho.

Ó alma da charneca sacrossanta,
Irmã da alma rútila que eu tenho,
Dize para onde eu vou, donde é que venho
Nesta dor que me exalta e me alevanta!

Visões de mundos novos, de infinitos,
Cadências de soluços e de gritos,
Fogueira a esbrasear que me consome!

Dize que mão é esta que me arrasta?
Nódoa de sangue que palpita e alastra…
Dize de que é que eu tenho sede e fome?!

Florbela Espanca



Tenho fome e sede do que me faz falta...


Tenho vontades  e saudades, tenho faltas e lembranças...


Tenho o que me acompanha e o que clama e grita e berra.


Tenho tudo isso, e não me basta... Queria talvez a sobra de quem se banha nos desejos, de quem se alimenta de sonhos...


alimenta-me?

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