Translate

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Semi-alucinações II

Te escrevi um poema, à lápis no papel...


Te escrevi carinhos e carícias.


Te escrevi abraços, cuidados, afagos...




Te escrevi muita coisa que gostaria de te dar.


Mas ficou ali, naquele papel decorado. 


No caderno que agora anda sempre comigo.


Carente.

sábado, 18 de dezembro de 2010

fôlego

éter!
éter!
maldito 'insegurável'!
volta pensamento
volta sentimento
não me largue assim só
não me deixe sem resposta
volta e me envolve e me explica
por que eu não posso tocar a poesia?

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Semi-alucinações I

Vamos falar do toque...


Minha super valorização do toque.
É meu, sincero, único e fucking special, e eu divido com quem tiver força para me alcançar...
Mas corre meu bem, eu gosto de voar alto!
Quer vir comigo?

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

olhos

quase não há palavras para explicar.






talvez quando os entender...






por'quanto, encantam a quem pare para olhar.






e eu parei.

Again...

Tenho fome e sede do que me faz falta...

Tenho vontades  e saudades, tenho faltas e lembranças...
Tenho o que me acompanha e o que clama e grita e berra.
Tenho tudo isso, e não me basta... Queria talvez a sobra de quem se banha nos desejos, de quem se alimenta de sonhos...
alimenta-me?

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Somente

A vista daqui de cima é deslumbrante.
Essa cidade, as vezes tão sem graça, acaba por ter certos encantos...
Nós é que esquecemos de procurar.


O dia começou devagar, desânimo, calor, impaciência.
A ansiedade que me consome parecia estar mais esfomeada.
Respirar era pesado.


Agora, aqui de cima, nesse silêncio, consigo repensar o dia.
De alguma forma me fez falta.
De uma forma que eu ainda não consegui entender para poder te explicar.


Passei o dia ansiosa por te ver, passei o dia querendo te encontrar.
Mas agora, aqui de cima, a falta parece ser mais latente.
Algo falta dentro de mim.


Algo...


A vista daqui de cima é meio poética...
Mas minha poesia não está completa.


Acho que a vida tem certos encantos...
Se importa se eu te procurar?

Rapte-me camaleoa...

Me tira de órbita, balança meu mundo. Segura minha mão e me carrega com você.

Preciso de algo assim, borboletas no estômago... Ansiedade... Eterna (re)descoberta...

De si. Do outro.

Mas tudo é tão difícil... Eu não me deixo experimentar o que pode estar ao alcance.
Mas como saber?
Pergunto, realmente curiosa, existe uma receita?

Essa inquietação que perturba meu sono, me traz sonhos e mais sonhos e mais sonhos...

Quando é que esses sonhos se tornarão reais e palpáveis?

Queria que as vezes as coisas não fossem assim, cheias... De opiniões terceiras, desafetos, confusões.

Me leva pra onde não machuque mais?

Onde nada possa me atingir?

Prometo fazer de tudo pra te mostrar a poesia que eu vivo, que eu faço pra viver.

Quem sabe, assim, eu faça uma pra você.

sábado, 11 de dezembro de 2010

...renovação...

Eu quis escrever uma carta. Uma carta que contasse tudo o que eu não consigo descrever.
Que contasse minha tristeza, que contasse meu choro escondido. 
Que contasse a saudade.

Eu quis escrever uma carta. Uma carta que falasse de amor. 
Amor acima de tudo. Amor que se renova, amor que molda minha existência.

Eu quis escrever uma carta...

Mas pensamento é como éter... Não consigo segurá-lo com as mãos, não posso apertá-lo contra o peito...
 Não posso tocá-lo.
Mas descrevo, pouco, o que sinto.
O resto, bom... 
O resto é entrelinha...

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Balada do egoísta deprimido

Eu, eu. 
Eu, eu, eu, eu. 
Eu eu, eu eu eu, eu.
Eu.
Eu eu eu...
Eu eu, eu eu, eu eu eu.
Eu. Eu. Eu.
Eu eu eu eu. Eu eu, eu eu eu, eu eu eu eu eu e eu.
Eu eu eu.

Eu eu.
Eu,
eu,
eu,
eu.

Eu.

Era.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

You - The Pretty Reckless

Agora você vem com esse seu sorriso, essa sua voz macia, e me pede desculpas por algo que não fez. E me faz te odiar porque toda vez que você faz isso tudo desaparece. A dor, o desespero, a solidão.
Com poucas e simples palavras você faz com que tudo o que passei, toda nova cicatriz que ainda dói, ficar suspensa no ar. Insensível a tudo o que não seja amor.
É estranho e difícil entender isso tudo que é o amor.
É difícil entender esse amor.
Mas é assim mesmo. Complicado, difícil, e dolorido quando não o  sinto.

Eu olhei pro céu hoje a noite. Estava nublado, quase tudo encoberto, sem estrelas, sem lua...
Mas uma mudança no sentido do vento descobriu essa lua, esse quarto de lua... E aquele brilho fez tudo desaparecer. E adivinha só? Ele me lembrou você.
Irritantemente me lembrou a falta que eu sinto.
Me lembrou que eu quero colo, abraço, carinho... Mas mais que tudo, quero contato.

Me lembrou do seu sorriso. E de quão reconfortante ele consegue ser...

Não faz mal... Vou dormir com você na cabeça e torcer pra que eu sonhe... E acorde feliz... E que tenha contato.

Estou sozinha... Devo ficar sozinha as vezes...
Mas tudo isso é só pra falar que sinto sua falta. Muita.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

I won't be sad, but in case I go there...

Eu sabia da saudade, desde então ela era companhia certa pr'os meus dias.
Eu sabia das crises. Quando a gente gosta de alguém, corre sérios riscos de se machucar. E de graça, sem intenção, sozinho.
Eu sabia também da solidão. Quando a gente espera, não adianta muito tentar substituir...
Eu sabia da espera, minha desde sempre, do início dos tempos e dos tramites...
Eu sabia de mim também... Mas não o suficiente pra evitar que muito acontecesse...
O que eu não sabia é que era demais... Tudo demais... Tudo à flor da pele.
Superfície e embrenhado por todo meu eu.
Eu sabia, mas se não fosse? 
Ou se tornaria, ou sonharia... 
Silêncio.













Ler com
Dancing in the dark - Tegan and Sara (cover de Bruce Springsteen)

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Os textos não...


É bom ser lembrada
É bom lembrar o que as vezes me esqueço
E me esqueço quando vem 'a coisa'...
Essa coisa que aparece no meio do nada, da tarde, do sonho...

É uma certeza do incerto
Seria certo pensar?

Mas acontece que é bom ser lembrada das coisas que valem a pena.
Que me valem a pena.

Pode ser um me ligar no meio da tarde pra saber como estou e eu dizer sem palavras, em silêncio e lágrimas, que gostaria muito de um abraço. Precisava muito dele.

Pode ser um sinto saudades vamos nos ver e fazer algo bacana, combinado com uma música, um som pra me lembrar das coisas...

Sabe, eu ando desenhando na parede...
É pra ocupar a cabeça, fazer parar de vir 'a coisa'...
É que quando ela vem, o mundo pára e parece entrar todo na minha cabeça.
Aí já não consigo fazer nada, ser nada.

Quando 'a coisa' vem, eu me esqueço de você, de vocês... Só fica o resto do mundo...
E sabe... As vezes esse resto não vale muito a pena...

É inevitável...
O ela vir...
Mas com essas coisas que me lembram, talvez ela vá embora mais rápido...

E 'Ela' também vai embora com a chegada d'a coisa'... Mas Os textos....
Ah!
Eles estão na parede, nos cadernos, no coração...
Eles fazem parte de mim...
E o que faz parte de mim permanece.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Nada tenho, vez em quando tudo.




Texto da foto: Orlando Pedroso
Desenho da foto: Brincadeiras na parede do meu quarto... Logo logo eu vou pintar...

Dias de nostalgia...
Nem ruim...
Nem bom...

Mas ando precisando de uns braços e abraços...

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Que falta a falta faz?

Nada substitui o que eu sinto.
Não! É pior... Nada preenche esse buraco, esse oco dolorido que agora é o que antes foi meu coração.
Dramático? Muito. Mas é esse o desespero que invade meus dias e eu já não sei o que fazer
Eu sinto, vejo, ouço... Mas não entendo, e preciso entender.
Entender é a chave de tudo. É a resposta, ou até a pergunta mais importante.
Estou sensível, carente, facilmente irritável e tanto mais que me irrita pensar em listar... Me traz lágrimas aos olhos pensar em listar. Me dá vontade de,

Tenho escrito menos do que é necessário, tenho lido bem pouco, não tenho saído de casa. A não ser por algumas urgências. Só me demorei fora de casa num dia em que rir desesperadamente me pareceu uma boa forma de escape, dessa toda tensão depressiva que ocupou meu dia e meus pensamentos. E foi bom ter ficado fora. Digo que a relação da BHTrans e os índices de tuberculose pancreática foi imprescindível pra uma leve melhora e talvez uma grande mudança de perspectiva.

Talvez toda essa polidactilia verbal e essa religiosidade ateu me trouxe uma ligação com o mais afastado do meu eu, aquele que sempre se esconde, esquiva, equivoca. E agora, de frente pra mim mesma, posso tentar analisar e descobrir o porquê do choro, da crise, do surto que virá.

Hoje estou assim, insignificante e com um sentimento insubstituível. De fraqueza, incompetência...
É, eu sei... É tudo da minha cabeça... A maioria das coisas que eu sinto vem de dentro e não de fora...
Mas é o que eu estou sentindo... E é forte o suficiente pra fazer sentido.

Estou rodeada de palavras cheias de significados subtendidos, rodeada de ideias, saudades, vontades... Mas as frases da minha parede parecem fazer graça da minha cara. Cheias de si! Fui eu quem deu sentido a cada uma delas! Eu!

Que falta a falta faz?



"Não me pergunte por que estou triste,
Fico mais triste por não poder dizer-te porque 
esta dor existe e nunca cessa de me vencer"
 Fernando Pessoa

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

É coisa de criança.

A mãe está fazendo seus trabalhos da faculdade, o filho, pequeno ainda, chega desesperado pra ela:


-Mãe mãe! Hoje eu senti uma coisa estranha no peito, uma pontada estranha, eu tô com medo mãe!


-Quando foi isso - pergunta a mãe preocupada.


-Foi na hora do recreio... Eu tava com raiva, a Luciana não quis aceitar meu biscoito, mas aceitou o do Pedrinho. Daí veio a pontada...


-Você estava com ciúmes, meu filho... A gente sente isso quando gosta de alguém...


-Mas mãe, doeu! É assim quando a gente gosta das pessoas?


-É normal, quando a gente está apaixonado as vezes dói assim.


-E a gente morre disso mãe?


Ela negou com a cabeça, sorriu e passou a mão pelos cabelos do filho. Mas lá dentro ela pensou - Morre sim... Eu já morri.

sábado, 4 de setembro de 2010

Erros, cagadas e afins

Eu achei que era uma coisa e era outra

Eu pensei que era pra sempre mas a data de validade estava expirando
Eu jurava que não tinha errado mas estava errada sobre isso também

Eu não entendia muito bem o que era o amor mas estou começando a aprender

Eu fiz juras a mim mesma que quebrei
Eu fiz juras a você e elas viraram fumaça

Eu consegui separar as coisas pra, sem saber, me separar delas depois
Eu sinto faltas que não entendo e vontades que entendo menos ainda

Eu vivi um mundo de coisas e, mesmo achando que já foi o suficiente, sei que muito mais há de vir.

Eu quis tantas presenças que acabei sozinha
Eu tive tanto medo de perder que foi exatamente o que fiz

Eu acho que não mudei nada, e talvez esteja errada ao pensar assim

Eu quis falar e fazer tanta coisa!
Mas não fiz.

Eu quis explicar outras tantas...
Mas como explicar o que eu não entendo?

Eu quis acabar com tudo, mas não consigo.

Eu quis acabar comigo,
Mas já não tem muita coisa pra acabar mesmo.

Eu quis gritar
Mas ninguém ia escutar mesmo.

Já me senti insignificante
E ainda sinto

Já confirmei dúvidas
E ganhei o dobro delas.

Me perdi dentro do meu quarto pra me encontrar numa esquina. 
Numa palavra.

Escrevi, mas não tudo o que importava.

Me cansei de tudo mas sempre renovo as esperanças.
E as esperas.

Sangrei, mas era lágrima
Chorei, mas era sangue

Cortei o coração, por dentro. Mas a dor não saiu.
Gritei o mais silencioso dos sussurros.

Me esqueci o suficiente pra lembrar só o que importa, e o que me move.

Enchi as palavras de significados ocultos só pra não dizer três simples, delicadas e sinceras palavras.

Quis me fazer explicar por coisas intocáveis
Somente por não saber lidar com as que alcanço.

Sorri, mas era tristeza
Quando foi verdadeiro, nem eu notei.

Em verdade digo que sinto falta.

Mas não... Ninguém vai ficar sabendo.

Nem eu.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

É perfeito

E assim resumido em uma só palavra deixo de me explicar.
Deixo todo o resto subtendido.
Escondido nos sorrisos que guardo pra mim.
Nas lágrimas choradas pra dentro que me queimam.
Nas lembranças que me deixam extasiada.
Nas faltas que me tocam de leve na pele.
Nas sobras que apertam meu peito.
E na boca que agora fica fechada.
De greve.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Tormento noturno

Meu peito está doendo de saudades e não consigo dormir. Um grito abafado no meio da garganta me faz engasgar.

E dói.

É cicatriz nova, sangrando ainda... É falta latente, flamejante.

É a insônia tirando a pouca paz que consegui ignorando essa dor. É o carinho tachado de falso se rebelando, se debatendo.

Não sei se saberei, mas posso falar. Não foi mentira, não foi ilusão.

O carinho, enorme, gratuito e verdadeiro conserva lembranças...

Pedidos silenciosos às estrelas a noite... Que cuide de vocês.

Que cuidem quem amo.

Mesmo assim, estranho, distante, frio.

Mesmo no frio da noite solitária em silêncio.

Que mostre que quero a felicidade.

Me retiro a contra gosto.

Me retiro porque devo, não porque quero.

Meu peito dói e não me deixa dormir.

Um grito ecoa na garganta.

Não entendi muito bem o que dizia...

Mas disse, e era importante.

Eu amei mais do que pude.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Que seja doce...

Minha saudade esquenta essa noite fria.

Aquece o corpo e o pensamento.

Essa toda minha saudade, ocupa cômodos e cômodos da minha casa.

Ocupa espaços e espaços da minha cabeça.

Essa saudade pode saber que meu coração haverá de amar muitas...

Mas você é a única exceção.


A única que é sempre presente,
mesmo na ausência,
mesmo no erro,
mesmo no medo.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O jardim.

Elas brigavam por causa de um jardim.

Deixe-me explicar, elas eram um casal... Ou pelo menos pareciam quando estavam juntas... Mas não vim contar sobre a relação delas, vim falar do jardim, e da briga que tiveram por causa dele.

Chamaremos uma de Marte e a outra de Vênus, pra demonstrar as diferenças.

A história é a seguinte, Vênus tinha um jardim, no apartamento térreo de um prédio de vinte andares, um belo e grande jardim. Marte morava no mesmo prédio, na cobertura.

Mas Vênus era muito ocupada pra dar a atenção que o jardim merecia, então Marte perguntou se poderia ela, cuidar do jardim.

Todos os dias, Marte entrava pelos fundos do prédio, direto no jardim, e passava horas por lá, regando, plantando, adubando e mais que tudo dando atenção pro lugar.

Vênus viajava, trabalhava e continuava com sua correria, encontrava Marte apenas quando estava em casa, normalmente correndo, e ia para o jardim.

Não comecem a pensar que Vênus era uma desnaturada, ou ingrata... Não, ela realmente não tinha tempo, e era muito grata a Marte por cuidar, com tanto carinho, do seu jardim.

Um dia porém, Marte chegou ao jardim e tudo estava diferente. As plantas, os vasos, as mesas, tudo! Tudo fora dos lugares que Marte havia colocado. Ela ficou furiosa, mas decidiu procurar saber o que tinha acontecido.

Quando Vênus chegou, ela perguntou o que havia ocorrido, quem tinha mexido no jardim. Mais ainda, quem tinha mexido, sem avisar, no jardim que ela cuidava.

Vênus respondeu que era uma amiga, chamaremos de Júpiter. Sem explicações para escolha do planeta que a nomeia.

Retomando, Vênus disse que sua amiga Júpiter havia ficado em sua casa e decidido cuidar também do jardim, disse ainda que Marte devia era ficar contente em ter alguém pra dividir o trabalho com ela.

Marte retrucou perguntando se Vênus nunca havia reparado em nada no jardim.

Vênus disse que adorava o trabalho de Marte ali, mas que eram só plantas, não precisava tanto drama por causa de algumas mudanças.

Enquanto brigavam, Marte recolocava tudo no lugar e Vênus ia se irritando com tanto drama, tanta tempestade. Não entendia porque Marte havia ficado tão brava, e atribuiu isso a ciúmes.

Vênus ameaçava ir embora, tinha muitos compromissos e não podia se atrasar por mero ciúmes infantil. Mas ficou até Marte acabar de reorganizar suas plantas.

Quando terminou Marte, mais calma, pegou Vênus pelas mãos, e calmamente deu uma volta no jardim explicando todo o cuidado no trato das plantas e agora reproduzo suas falas:

- Aqui eu plantei roseiras, margaridas, crisântemos, algumas violetas, alecrim, louro e outras folhas perfumadas, no centro do jardim há uma dama da noite, por que eu sei que você gosta do cheiro... Todos os dias eu entro e dou amor a elas... Elas não podem me responder, mas a cada dia vejo que a resposta delas está na beleza que emana de cada uma delas. Eu cuido do jardim pensando no que você gostaria que tivesse. Eu cuido dele como se cuidasse de você. Todos os dias eu rego de carinhos, tentando que esses carinhos cheguem até você. Todos os dias eu espero você perceber ou comentar alguma coisa mágica. Mas vivemos depressa demais e nem sempre conseguimos acompanhar a lenta dança da magia.”

Ainda de braços dados com Vênus, Marte a guiava até o elevador, subiam para o terraço, onde morava.

- Nesse todo tempo em que cuido do jardim, espero que você perceba uma surpresa. E não é ciúmes, ou puro drama a minha chateação com as mudanças.

- Por mais que moremos no mesmo prédio, as vezes te sinto muito longe, então pra matar a saudade eu fico ali, no jardim, plantando o que me lembra você. Cuidando do que me faz te sentir por perto. Mas não posso ficar o tempo todo por lá, então descobri uma forma de te sentir aqui de cima também.”

Então, debruçando sobre o parapeito do terraço, ela apontou pra baixo, onde ficava o jardim. Indicando que Vênus devia olhar.

Quando se debruçou também, Vênus pode entender a raiva de Marte... Cada planta, cada cor, cada forma ali em baixo eram completamente naturais, comuns quando se estava lá, perto. Dentro. No meio do jardim. Eram belos, mas não passavam de plantas aos olhos comuns, ali de cima ela pode entender a mágica. Organizado do jeito que estava, o jardim formava uma imagem, um rosto... Vênus podia ver, era o seu rosto que se formava. Uma lembrança vaga do seu rosto que ia mudando a frente dos seus olhos, ficando cada vez mais parecida com ela... Parecia até que sorria... Vênus enfim viu a mágica.

Elas brigavam por causa do jardim... Mas ali de cima, já não tinha importância essa briga.

domingo, 13 de junho de 2010

The End, Love.

Nunca entendi esse efeito que você tem sobre mim...

Parece que fui "você-izada", tudo o que olho é você

Cada lançamento na rádio é você

Cada música canta em ao menos um verso o que eu sinto...

E não é simples... Cada sentimento louco que me habita...

E cada hora um deles quer porque quer tomar o controle...

Te digo que já cansei de chorar,

Já cansei de sentir saudade, falta.

Já cansei de tentar te deixar partir...

Sempre que eu tento você entra cada vez mais... Aperta o peito

Machuca.

Passo os dias tentando te achar e ao mesmo tempo me impedindo de falar com você.

Já cantei mais músicas de amor que deveria...

Já chorei aquelas todas outras que só cantam saudade...

Agora eu só quero me despedir... Desses sentimentos todos que estão me matando.

Aos pouquinhos...

Numa tortura sem fim.

Me cortam, me sangram, me humilham...

Não é sua culpa. Eu sei.

Você não me deu esperanças, falsas possibilidades...

Foi franca e agradeço.

Mas não consigo deixar de sentir isso.

Esse ‘que’ que não consigo explicar...

Por favor perdoa, mas não posso mais te amar.


É, desabafo... Porque eu cansei de estar sozinha com minhas próprias dores... Já que é com você que eu me desabafaria... E me falta você.

domingo, 30 de maio de 2010

I hope some day...

Suspiro
seco
ecoando
no
comodo
vazio

Assim,
sozinha em minha própria companhia
Descubro mais uma vez
O que meus instintos já haviam alertado.

Sim,
erramos,
a todo momento,
com quem amamos...

A descoberta do novo, do diferente, do encantador, inebria.
Embriaga.

E assim, bêbados dessa fuga do rotineiro,
do cotidiano,
acabamos por perder o que contávamos como certo.

Duvidando da nossa capacidade de reabilitação.
Da fé em consertar as todas coisas que erramos,
mantemos o erro em segredo,
duvidando também da capacidade dos outros de perdoar.

Nos ilhamos no nosso próprio medo
E tristes constatamos que assim fazendo,
Materializamos nossos maiores receios.

domingo, 2 de maio de 2010

Fernando Pessoa

Eu gosto tanto, mas tanto do Pessoa que hoje nem quero escrever nada meu.
Farei dele as minhas palavras, e com tanta convicção de que são verdades para mim que será como se fosse meu... Assim como um poema deve ser, escrito por outra pessoa, mas verdadeiro pra muitas...

Verdadeiro pra mim de muitas formas... E sempre.


Far-te-ei um sonho meu. Ressuscitada
Tua alma mesma será outra e minha.
Libertar-te-ei de ti. Não eras nada.
Serás meu ser, não tu, como és agora
Teremos, o tempo e a terra em nós definham,
O amor nosso lugar, Deus nossa hora.

Como um Deus que pra amar um mundo cria,
Criar-te-ei. Achar-te-ei em Deus e em ti,
Perdido o antigo ser que te fazia
Não me amar, não amar, viver apenas
Uma vida vendida de si
A horas perturbadas e serenas.

Eu que subi a Deus, encontrarei
O fogo sagrado de Prometeu
Com que teu morto ser anunciarei,
Tua alma e corpo mortos totalmente
Novo Pigmalião farei do meu
Fogo viver/vivo, pra além de *.

F.P. [1909]


*espaço em branco deixado pelo autor.

domingo, 25 de abril de 2010

Me chama?

Olá! Tem alguém em casa?
Ela pergunta entrando na sala vazia,
Vazia dela...
As coisas todas que estão espalhadas pela sala de nada lembram que alguma vez ela esteve ali,
entregue.
A luz fraca, oscilante, lembra uma vela que tremula ou tremulava no quarto,
Vazio...
Vazio dela...
Nada ali,
a não ser ela mesma,
lembra que alguma vez ela esteve ali,
Entregue...

Olá! Tem alguém aí?
Ela pergunta ao entrar no coração,
que ainda guarda um espaço dela,
só dela...

Mas a vida...
Oh! A vida!
Ela parece não ter mais espaço...
Não o espaço que ela queria ocupar...
Então ela recolhe os restos das coisas...
Os restos dela mesma que ficaram espalhadas por alguns cantinhos empoeirados da casa
E se prepara pra partir novamente...

Espera talvez um chamado, talvez um toque...
Espera.
Espero.

Não tinha data

A noite começa...
Uma dose,
uma conversa,
dança um pouco...

Bebe,
outra dose,
dança,
conversa,
ri...

Esquece
esquece
esquece...
Esquece todos os problemas...
Esquece seu nome,
sua cor,
sua vida...
Esquece seus problemas,
esquece os problemas dos outros...

Esquece o seu lugar,
esquece a falta de lugar...
Esquece o que sente...

Toma!
Mais uma dose!
E o mundo gira...

[Mas ele não gira sempre?]

Gira. Mas gira mais...
A noite começou...
Dança,
gira,
bebe,
esquece.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Pequena história sobre meu pai...

[Ou Coisa para se contar aos netinhos]

Sair de carro as onze da noite com o pai do lado como condição para tal acontecimento. [confere]
Sair conversando com o pai de madrugada na rua sobre coisas que você não fala com ele. [confere]
Cantar uma menina na rua JUNTO COM O SEU PAI. [confere]
Buscar pessoas por um caminho que o seu pai não conhece. [confere]
Seu pai CHAMAR ESSAS PESSOAS PRA TOMAR UMA CERVEJA. [confeeere! \o/]
Deixar as pessoas em casa e sair por três bairros procurando um bar com o seu pai. [confere]
Ir num bar barra pesada com o pai porque era o único aberto. [confere]
Tomar uma cerveja com o seu pai nesse bar mesmo dirigindo. [confere]
Seu pai pagar a conta. [confere]

Tem coisas que devem ser eternizadas num pedaço de papel... Essa é uma delas.

terça-feira, 30 de março de 2010

Tudo é deserto

"Volta amanhã, realidade!
Basta por hoje, gentes!
Adia-te, presente
absoluto!
Mais vale não ser que ser assim."
Álvaro de Campos [Fernando Pessoa] - Grandes são os desertos e tudo é deserto


Não olho para trás para remoer,
olho por que de relance vi tudo o que vivi
Não só os sorrisos nos olhos
Mas as dores nos sorrisos...

Tanto já foi dito,
Sentido...
Tudo tão sem sentido!

Prefiro quando a nostalgia é boa, saudade feliz...

Mas hoje não, preciso extirpar essa insegurança de dentro do meu peito,
e só lembrando da dor consigo me levantar e recomeçar.

Tudo é deserto e tenho sede...
Sede de águas que não me serão servidas, águas que terei de procurar num sem fim de dunas.
Quase um mar...

Água que me fará a mais feliz se me saciar novamente...
Não que sejam as mesmas águas, mas a mesma saciedade...
Aquela pausa tão necessária depois de tanto procurar...

Água que lave minhas incertezas e me leve pra onde quiser...

Tudo é deserto e estou cansada...

Vou me sentar em qualquer sombra e descansar até o inesperado me envolver por completo.
Até que eu me perca em mim mesma... E a encontre.

Tudo é deserto...

Inclusive
eu

segunda-feira, 29 de março de 2010

des[ABAFAR]

Peguei a chave
Subi as escadas
Abri a porta

Acendi a luz, liguei o ar, liguei o computador, me liguei...

Todo dia a mesma rotina, a mesma ordem.

E todo dia, depois de refazer esses todos mesmos passos, e ao me sentar em frente a esse computador percebo que foi tudo automático, que não prestei atenção em nada do caminho da minha casa até aqui e que a cada dia que passa eu me apago um pouco mais nessa vida igual.

Me liguei e vim dizer isso...

É sempre a mesma falta...

É sempre a dúvida entre me entregar no caminho esperado e imposto, ou me aventurar na minha vida.

É sempre escolher, escolher e escolher...

Será que as outras pessoas todas estão satisfeitas com suas vidinhas automáticas?
Todos os dias uma multidão de robôs sái de casa em direção ao trabalho, que nem sempre é o que queriam fazer.
Todos os dias as pessoas perdem coisas fantásticas a sua volta porque estão cegos e acostumados com sua rotina. Com seus afazeres, obrigações...
E todos eles julgam quem não aceite essas imposições...

Ontem eu voltava pra casa, alguma hora próxima à meia noite, não corria mas estava distraída com pensamentos e sentimentos que, já faz algum tempo, me tomam todo o tempo que tenho.
Na rua putas e mendigos.
Dividindo a pista comigo duas motos e um carro de placa de Betim.
Os motoqueiros andavam lado a lado, riam e faziam bagunça...
Decidiram fazer um retorno proibido, cortaram o carro de Betim pela direita e pararam.
Não sei o que fazia o motorista do carro, se ouvia música ou conversava, ou se estava como eu pensando sentimento.
Mas ele não parou.


Me liguei ali também. Reduzi, parei o carro a centímetros do outro.
Não, eu não bati, mas alguma coisa bateu aqui dentro. O coração disparou, eu ali sozinha no meio da rua, no meio do mundo. Eu ali, e a moto, e o carro.
Tudo acontecendo e eu pensando sentimento.
Sentimento, pode ficar comigo sim... Você é companhia pra minha falta... Mas vê se não me cega... Tô perdendo muitas coisas porque você exige atenção exclusiva.
Se você viesse acompanhado da presença, tudo bem... Mas a falta... Essa eu já cansei de sentir...

sábado, 20 de março de 2010

Ondulação

Existem duas formas de ver as coisas...
Uma é de olhos abertos, essa comum, regular... Mediana.

Estar na média... Onde a maioria das pessoas se encontra, nem mais, nem menos...
Igual.

Mas quando se fecha os olhos... Fechar os olhos...
Se vê tão mais!

Se vê o que sempre tentou ser escondido, jogado pra de baixo do tapete...
Pra fora da zona de conforto... Porque nos confortamos com as médias...
Eu não... Eu quero pólos. Ou quero ser muito boa, ou ser a pior. Não quero seguranças, posto que essas próprias se enganam, seguranças vistas são máscaras de medos, máscaras de receios, máscaras da insegurança que por ser vivo já bastava para termos...

Eu quero fora do padrão, fora das experiências em laboratórios hermeticamente fechados, controlados por um grupo competente de cientistas observadores...
Eu quero loucuras e viagens que me tirem do Real. Me levem para o IDeal.

Me levem para o perfeito para o meu eu, a minha ID.
Eu quero oito e oitenta, ao mesmo tempo, junto e misturado.
Quero alegria tão enorme que comece a doer.
Quero dor tão pungente que me faça sorrir.
Quero gostos e sabores novos e velhos, conhecidos e nunca experimentados.
Eu quero tudo e tanto e a tanto.

Quero além disso e de outras, esquecer para lembrar, esquecer para sentir, esquecer para ter vontade mais uma vez.
Quero o que somente o nada pode me oferecer.

E por, de nada, precisar, fico assim.
Sem voz, vez, lugar...

Fico cheia de ideias que não se ligam, não se unem, não se explicam.
Fico assim, mar agitado, esperando a calmaria que ordena o caos, me ordena.

sexta-feira, 19 de março de 2010

[Ins]piração

Não escrevo você-poesia.
Você é prosa que não pude provar
Os contos, todos, desajustados, sonham um dia te contar.
Transformei sua imagem num espelho
Só reflexo e reflexão
Sonho puro e contrastante com a realidade
Sonho doce
Amargo viver

sexta-feira, 12 de março de 2010

Desconstrução

Me chego aos cacos, tudo novo, tudo inseguro, tudo estranho.
O clima é de tensão e me esforço para respirar normalmente
Transpiro litros de medo
Estou atrasada e me invento
O caminho que fiz está marcado pelos meus pedaçõs que cairam no percurso
Me refaço aos poucos. Perdendo os medos e as travas
Um rosto, lembrado mas não conhecido, afasta algumas inseguranças.
Uma conversa rápida me põe a par da realidade
E finalmente meus pulmões saboreiam o gosto doce de ar puro.
Sento-me no meio de tudo, eu, insegurança, contradição, e aprecio a multidão de faces que não me são nada, mas que por culpa da convivêcia e conveniência poderão ser conhecidas e reconhecidas.
O tempo há de moldar...

Do nada um inseto bate na mão que segura a caneta e cái morto.
Me obriga a parar.
De escrever.
De pensar.
Respiro mais uma vez e me abro ao improovável.
Eu existo e questiono e admito.
Tudo acontece seguindo uma ordem, fatores, razão.
A gente só nunca pára pra pensar o porque dessas coisas... Quais são elas.

P.S.: Do mesmo nada de onde veio e morreu (ou fingiu que morreu, ou ressucitou), o inseto começa a se mexer, tenta sair do nada que se encontrava.
Se vira, abre as asas e some.

Vem ver

Beringela

     Hoje eu quis falar com você, conversar sem nenhuma restrição sobre tudo o que fosse e é e será. Hoje eu quis muito que a cozinha fosse ...