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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Irmão

Tenho medo das minhas dores. Coluna, braços, pernas...
Já não são os mesmos, estão exaustos.
O peso que carregam todo dia está drenando a energia do meu corpo.
Meu irmão, que tem 27 anos e pesa mais ou menos 70 quilos, tem que ser carregado pra todo lugar.
Mas não é mimimi de minha parte, não quero que sintam pena de mim. Escrevo porque preciso.

Aos seis meses de gestação do meu irmão minha mãe contraiu rubéola. Uma doença infecto-contagiosa que se cura sozinha mesmo sem tratamento, nada de mais. Seus sintomas são parecidos com os de uma gripe. O problema maior está na infecção quando grávida.
Eu li em algum lugar que nos três primeiros meses ela pode ser transmitida para o feto. Digo que em qualquer estágio de gravidez ela vai ser transmitida para o feto e causar má formação. Meu irmão tem microcefalia congênita, mas não sei precisar mais a condição dele. Já ouvi falarem em hidrocefalia, mas não acho que seja o caso dele.
O que aconteceu é que esse vírus atacou o feto e atrapalhou o desenvolvimento dele. Meu irmão não anda, não fala (na verdade fala sim, mas é uma outra língua exclusiva dele), e precisa de ajuda para tudo. Pra comer, tomar banho, escovar, se limpar, tudo. Eu, mais nova que ele, cresci na realidade dele. Nunca o enxerguei como um doente ou extraordinário. Ele é o meu irmão e o amo. Simples.
Desde que tive forças para o segurar que ajudo nos cuidados diários dele. Carregava ele pra cima e pra baixo já aos 8 anos. Brincava, ria e também brigava com ele. E quando alguém fazia piada ou algum comentário ofensivo eu estava lá pra defender o meu irmão. Já rolei no chão brigando com colegas que falaram que ele era retardado. Em uma festa da escolinha mista que ele frequentava, eu, com meus 4 ou 5 anos, ouvi falarem "olha que dó ele é doente", me contam que eu olhei pro meu irmão e respondi "não é não, olha só, o nariz dele nem tá escorrendo".
Os anos se passaram e a minha postura é a mesma. Meu irmão é um cara fantástico! Hoje um cara barbudo, com cabelos brancos aparecendo, zoador! Quem tem a oportunidade de passar um tempo com ele se apaixona, a diversão dele com minhas amigas é imitar a risada. A Stela até ganhou um "novo nome" na língua dele.
Os anos se passaram, meu irmão. E eu ainda estou aqui pra te defender de qualquer pessoa que venha te taxar como estorvo. Não sou mais a mesma, estou fraca fisicamente mas faço de tudo pra continuar cuidando de você.
Acontece que preciso cuidar de mim também. Eu que nesses anos todos não prestei muita atenção e mim mesma, percebi que não adiantava dedicar minha vida a você se não estivesse bem comigo mesma.
E não estou.
Os seus cuidados diários são constantes. Da hora que você acorda até a hora de dormir, e em alguns dias é preciso fazer uma hora extra. Não posso continuar nesse ritmo.
Quero poder fazer muito por você, mas de formas diferentes. Essa rotina pesada nos leva a trilhar caminhos seguros, até demais. Quanto tempo não saímos pra uma praça, um parque ou praia com você? É um carrega malas, cadeira, carro que impede que a gente se arrisque a passar um tempo produtivo com você por causa de detalhes.
Mano, eu te amo muito, muito mesmo! Minha vida sem você pra dividir o tanto de coisa que a gente divide diariamente vai ser um pouco vazia, mas é preciso. Preciso ter consciência de mim, conquistar minhas metas, meus espaços, pra viver bem e plena e feliz. Tenho certeza que você entende que as minhas faltas não são porque não gosto de você, é por gostar demais que não consigo ser exatamente igual nossa mãe que desistiu da vida toda pra te dar atenção.
Escrevi isso tudo porque nunca falei com você. Não porque eu ache que você não entende, mas porque não sei como vou reagir a tudo. Tenho medos mano, muitos. Assumir assim a minha vida sem ter nada como "desculpa" é uma trabalheira só. Mas tenho certeza que é isso que quero pra mim. E quando você vir que estou bem, tenho certeza que é o que você vai querer também.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Eu escuto canções que a muito não me diziam novidades...
Uma delas canta que acreditava no pra sempre... Mas o que é afinal esse pre sempre em que tanto acreditamos?
Uma faixa de tempo inderteminada que não tem começo nem fim.
Eu sei que pra sempre amarei uma pessoa.
Mas se não tem começo nem fim, como eu sei?
Eu sei porque pensar nela me faz sorrir, porque o cheiro dela me alcança em certas partes do dia e quando ela não está. Eu sei porque esse sentimento bom me envolve completamente e me embala quando tenho medo... E tenho muitos...

Tenho medo de fechar aquela porta e nunca mais me sentir da forma que ela me faz sentir, medo de nunca mais ser envolvida naquele abraço único e especial e que traz paz...

É dependência demais de uma pessoa? Não, acho que não... Eu poderia passar a vida inteira sem ela. Mas seria melhor que ela tivesse comigo. Seria maravilhoso.

Quem pode me dizer que não é eterno por isso? Porque ela gosta de bala de menta e cheira a criança que acabou de sair do banho? Porque ela tem medo de altura mas mesmo assim testou seus limites?

Foi eterno, É pra sempre. Esse instante que se imortaliza em mim, em minhas palavras, é eterno agora e será depois. Pq o depois é nosso, pra sempre.

E sobrevivendo aos meus medos me agarro a sua imagem que paira no meu pensamento tomando conta dos meus dias...

Você é fodásticamente especial.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

sentido há na alma o que reflete de nossa vida, nossa busca e nossa falta. falta do que sentir... ou sentir demais a falta...


a falta do que fazer, a falta do que sentir, a falta do que viver.


sentido do sentir e ser. ouvir. tocar.

amar...



amar quem a gente ama já não faz tanto sentido.


querer... mas eu quero tanta coisa.

quero agora, sinto falta até da fumaça do seu cigarro.


será que você sabe? talvez nunca irá saber...

essa verdade (?) é só minha e ninguém vai me tirar, talvez você, talvez um dia.
mas hoje não, quero sonhar e olhar pro nada, imaginar seu rosto e seu beijo e dormir pensando no que viria a ser se você soubesse. ou o que não seria.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

"A mágoa que alvoroça nosso peito é tão pura, tão santa, tão nossa, que se esconde aos demais.”¹

Ele não me abraçou, nunca mais... Nem no dia em que ele me disse adeus... E o que mais sinto falta é daquele abraço que encaixava no meu assim, apertado, seguro.
Acho que sinto falta de me sentir seguro ao lado dele. Aquele olhar me passava uma tranqüilidade... Ah! Como eu amo lembrar daquele olhar!
Mas ele foi tirado de mim... Não posso mais me perder e me encontrar naquele olhar.
Não o vi mais... Às vezes eu refazia passos antigos na intenção de talvez trombar com ele... Coisas assim... Nunca encontrei. De um dia pro outro ele havia evaporado.
Pode coisa assim?
Não sei... Talvez eu tenha esquecido como era seu rosto, ou talvez sempre tenha visto de outra forma.
Será que aquele olhar, outro dia, era o dele?
Passou por mim, vi com o canto dos olhos... Pareceu-me familiar... Mas estava um pouco diferente.
Não, não pode ter sido. Meu amor não tinha aquele olhar...

Nem eu tinha esse semblante...

Mas que importa agora... Acho que esqueci o cheiro dele...
A cor dos olhos... Esqueci a cor da pele, esqueci?
Ele era moreno, não! Que importa?
Ele gostava de cavalos... Isso eu lembro!
Ele apostava nas corridas!
Os cavalos correm atrás de coelho? Eu lembro de um coelho...
Não! São os cachorros! Isso ele gostava de cachorros. Quando morávamos junto sempre quisemos ter um cachorro.
Eu não gostava da idéia, mas ele me convenceu. Um labrador!
Ou era uma raça menor? Que importa? Teríamos um cachorro.

Ele amava bala delícia, não posso passar na feira que me lembro dele. Bala delícia recheada com coco. Não! Era morango, geléia de morango!
Ah! Fico feliz de lembrar disso. Me faz pensar que éramos perfeitos...

O bom das lembranças é que podemos simplesmente pular as brigas, os dramas. A vez que ele foi dormir na casa da tia. Não lembro o motivo da briga...
Talvez fosse meu ex, ou a toalha molhada dele jogada em cima da cama...
Uma vez eu dormi na porta...
Ele não queria sair e eu fui sem ele... Como ele ficou chateado! Me trancou pra fora. Mas também eu tinha chegado tão bêbado que de longe já se sentia o bafo.
Mas eu o amava...
As vezes penso que ainda amo...
Mas eu esqueci o tom da sua voz, a forma que ele andava.
Quis esquecer... Assim a falta que o abraço dele me faz diminuiria...
Mas não, agora além da falta do abraço, sinto falta do seu rosto, do seu cheiro e mais que tudo da sua presença e de como eu me sentia perto dele.

Já fazem sete anos agora, acho que fui feliz, muito, ao lado dele.
Espero que esteja bem...

Mas aquele abraço... Ai! Como sinto falta!
Sabia que nunca mais nos abraçamos? Nem no dia em que ele me disse adeus...

¹[Menotti Del Picchia]

sábado, 26 de julho de 2008

Se as vezes o não dito, fosse... Essas tantas palavras que se escondem e não querem sair e não se deixam sair e ficam presas e machucam e cortam e metem medo...

Fazem mal... Todo mal... É pelo não dito... Aos que passaram, aos que estão, aos que podem um dia vir... Ou ficar.

Essa frustração... Culpa das milhares de coisas que quase foram ditas mas se seguraram por medo. Pelos incômodos que se calaram. Pelas mil e uma brigas evitadas por não querer argumentar.
Por isso... Por mais...
Por tudo.

Ah! Se tudo fosse dito! Se entendessem o porque do ser arredia. Essa proteção que não proteje e só esconde. Talvez as cores voltassem e o medo fosse embora. E o reflexo no espelho sorrisse mais uma vez.

Vem ver

Beringela

     Hoje eu quis falar com você, conversar sem nenhuma restrição sobre tudo o que fosse e é e será. Hoje eu quis muito que a cozinha fosse ...