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domingo, 2 de maio de 2010

Fernando Pessoa

Eu gosto tanto, mas tanto do Pessoa que hoje nem quero escrever nada meu.
Farei dele as minhas palavras, e com tanta convicção de que são verdades para mim que será como se fosse meu... Assim como um poema deve ser, escrito por outra pessoa, mas verdadeiro pra muitas...

Verdadeiro pra mim de muitas formas... E sempre.


Far-te-ei um sonho meu. Ressuscitada
Tua alma mesma será outra e minha.
Libertar-te-ei de ti. Não eras nada.
Serás meu ser, não tu, como és agora
Teremos, o tempo e a terra em nós definham,
O amor nosso lugar, Deus nossa hora.

Como um Deus que pra amar um mundo cria,
Criar-te-ei. Achar-te-ei em Deus e em ti,
Perdido o antigo ser que te fazia
Não me amar, não amar, viver apenas
Uma vida vendida de si
A horas perturbadas e serenas.

Eu que subi a Deus, encontrarei
O fogo sagrado de Prometeu
Com que teu morto ser anunciarei,
Tua alma e corpo mortos totalmente
Novo Pigmalião farei do meu
Fogo viver/vivo, pra além de *.

F.P. [1909]


*espaço em branco deixado pelo autor.

domingo, 25 de abril de 2010

Me chama?

Olá! Tem alguém em casa?
Ela pergunta entrando na sala vazia,
Vazia dela...
As coisas todas que estão espalhadas pela sala de nada lembram que alguma vez ela esteve ali,
entregue.
A luz fraca, oscilante, lembra uma vela que tremula ou tremulava no quarto,
Vazio...
Vazio dela...
Nada ali,
a não ser ela mesma,
lembra que alguma vez ela esteve ali,
Entregue...

Olá! Tem alguém aí?
Ela pergunta ao entrar no coração,
que ainda guarda um espaço dela,
só dela...

Mas a vida...
Oh! A vida!
Ela parece não ter mais espaço...
Não o espaço que ela queria ocupar...
Então ela recolhe os restos das coisas...
Os restos dela mesma que ficaram espalhadas por alguns cantinhos empoeirados da casa
E se prepara pra partir novamente...

Espera talvez um chamado, talvez um toque...
Espera.
Espero.

Vem ver

Beringela

     Hoje eu quis falar com você, conversar sem nenhuma restrição sobre tudo o que fosse e é e será. Hoje eu quis muito que a cozinha fosse ...