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quarta-feira, 26 de julho de 2023

abl

quando eu sonho minha boca ainda está ali, naquela curva da tua cintura, no mesmo lugar que você se derretia em meus braços e eu era o cara mais feliz do mundo
quando eu sonho são com tuas palavras, ditas aos pés dos meus ouvidos, sussurradas em segredo na nossa cama, que era tua mas que você insistia em dizer nossa com medo de que eu não me sentisse a vontade ali
e era você quem me fazia sentir a vontade em tudo que era extensão tua
teu escritório, tua cozinha, teus planos
e como eu estive nos teus planos
eu te olhava por toda a noite enquanto você tentava decifrar tua letra escrita corrida entre um intervalo e outro do trabalho
eu te abraçava por trás e ficávamos ali madrugada afora vendo ‘f’s ou ‘g’s, ou seria um ‘t’? e "meu ‘t’ não é assim pq é diferente quando eu escrevo o teu nome e teu nome tem dois então escrevo grande e pequeno."
quando eu sonho eu não sei mais se lembro ou se invento
porque ali teu gosto estava, a resistencia da tua cintura nas minhas mordidas existia, o cheiro que você me dava no cangote era sentido e até o teu bafo de acordar tava lá. bafo que nunca me incomodou e que muito faz falta quando acordo desses sonhos sem você
ultimamente tenho tido muita dificuldade quando levanto e você não está
fica parecendo que foi tudo só na minha cabeça
e eu não tenho como te ligar
eu não posso falar com você pq eu sei que eu errei, e errei feio, e eu não tenho bolas pra te olhar e ver de novo a decepção que eu vi nos seus olhos sabendo que eu era o responsável por isso
não posso falar com você porque eu sei que vou me rastejar de volta pra tua vida e vou passar os dias te convencendo que eu ainda sou o mesmo, e mesmo que ainda seja o mesmo, foi esse mesmo que pisou na bola e te fez chorar. você não me deixou ver, mas eu sei quando você chora, você fica um dia inteiro com o nariz escorrendo e naquele dia que eu fui embora eu podia ver você toda hora limpando o nariz. mas você, pode ser que me deixe de novo entrar na tua vida, e vai ser bom, porque a gente era bom juntos, a curva da tua cintura vai estar lá, a minha boca ainda vai buscar teus gostos, talvez a gente volte ao compasso que sempre foi nosso. mas tenho medo porque ainda sou o mesmo, e você? eu não sei se você ainda é a mesma. espero que tenha encontrado paz.
eu? eu ainda procuro a curva da tua cintura, aquele pedacinho que meus lábios sempre procuraram, onde depois de uma mordida suave eu via o arrepio que percorria teu corpo, aquele gosto de você que me fazia querer sempre mais, o carinho na nuca que me colocava pra dormir no teu abraço, todos aqueles momentos de nós dois, nossos lábios que não se desgrudavam, teus braços e os meus. minhas pernas e as tuas.
quando eu sonho com você, e eu sempre sonho com você, é pra aqueles momentos que eu volto. escrevo tudo isso pra te contar que nunca te esqueci, mas não tenho como te contar. aí as cartas vão ficando na gaveta, o telefone nunca disca teu número que eu não tenho e eu me pergunto se eu lembrei ou inventei que na tua cintura tem um lugar que eu gosto de morder, que você gosta quando eu mordo e que na tua boca a minha já foi mais feliz.

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