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domingo, 25 de abril de 2010

Me chama?

Olá! Tem alguém em casa?
Ela pergunta entrando na sala vazia,
Vazia dela...
As coisas todas que estão espalhadas pela sala de nada lembram que alguma vez ela esteve ali,
entregue.
A luz fraca, oscilante, lembra uma vela que tremula ou tremulava no quarto,
Vazio...
Vazio dela...
Nada ali,
a não ser ela mesma,
lembra que alguma vez ela esteve ali,
Entregue...

Olá! Tem alguém aí?
Ela pergunta ao entrar no coração,
que ainda guarda um espaço dela,
só dela...

Mas a vida...
Oh! A vida!
Ela parece não ter mais espaço...
Não o espaço que ela queria ocupar...
Então ela recolhe os restos das coisas...
Os restos dela mesma que ficaram espalhadas por alguns cantinhos empoeirados da casa
E se prepara pra partir novamente...

Espera talvez um chamado, talvez um toque...
Espera.
Espero.

Não tinha data

A noite começa...
Uma dose,
uma conversa,
dança um pouco...

Bebe,
outra dose,
dança,
conversa,
ri...

Esquece
esquece
esquece...
Esquece todos os problemas...
Esquece seu nome,
sua cor,
sua vida...
Esquece seus problemas,
esquece os problemas dos outros...

Esquece o seu lugar,
esquece a falta de lugar...
Esquece o que sente...

Toma!
Mais uma dose!
E o mundo gira...

[Mas ele não gira sempre?]

Gira. Mas gira mais...
A noite começou...
Dança,
gira,
bebe,
esquece.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Pequena história sobre meu pai...

[Ou Coisa para se contar aos netinhos]

Sair de carro as onze da noite com o pai do lado como condição para tal acontecimento. [confere]
Sair conversando com o pai de madrugada na rua sobre coisas que você não fala com ele. [confere]
Cantar uma menina na rua JUNTO COM O SEU PAI. [confere]
Buscar pessoas por um caminho que o seu pai não conhece. [confere]
Seu pai CHAMAR ESSAS PESSOAS PRA TOMAR UMA CERVEJA. [confeeere! \o/]
Deixar as pessoas em casa e sair por três bairros procurando um bar com o seu pai. [confere]
Ir num bar barra pesada com o pai porque era o único aberto. [confere]
Tomar uma cerveja com o seu pai nesse bar mesmo dirigindo. [confere]
Seu pai pagar a conta. [confere]

Tem coisas que devem ser eternizadas num pedaço de papel... Essa é uma delas.

terça-feira, 30 de março de 2010

Tudo é deserto

"Volta amanhã, realidade!
Basta por hoje, gentes!
Adia-te, presente
absoluto!
Mais vale não ser que ser assim."
Álvaro de Campos [Fernando Pessoa] - Grandes são os desertos e tudo é deserto


Não olho para trás para remoer,
olho por que de relance vi tudo o que vivi
Não só os sorrisos nos olhos
Mas as dores nos sorrisos...

Tanto já foi dito,
Sentido...
Tudo tão sem sentido!

Prefiro quando a nostalgia é boa, saudade feliz...

Mas hoje não, preciso extirpar essa insegurança de dentro do meu peito,
e só lembrando da dor consigo me levantar e recomeçar.

Tudo é deserto e tenho sede...
Sede de águas que não me serão servidas, águas que terei de procurar num sem fim de dunas.
Quase um mar...

Água que me fará a mais feliz se me saciar novamente...
Não que sejam as mesmas águas, mas a mesma saciedade...
Aquela pausa tão necessária depois de tanto procurar...

Água que lave minhas incertezas e me leve pra onde quiser...

Tudo é deserto e estou cansada...

Vou me sentar em qualquer sombra e descansar até o inesperado me envolver por completo.
Até que eu me perca em mim mesma... E a encontre.

Tudo é deserto...

Inclusive
eu

segunda-feira, 29 de março de 2010

des[ABAFAR]

Peguei a chave
Subi as escadas
Abri a porta

Acendi a luz, liguei o ar, liguei o computador, me liguei...

Todo dia a mesma rotina, a mesma ordem.

E todo dia, depois de refazer esses todos mesmos passos, e ao me sentar em frente a esse computador percebo que foi tudo automático, que não prestei atenção em nada do caminho da minha casa até aqui e que a cada dia que passa eu me apago um pouco mais nessa vida igual.

Me liguei e vim dizer isso...

É sempre a mesma falta...

É sempre a dúvida entre me entregar no caminho esperado e imposto, ou me aventurar na minha vida.

É sempre escolher, escolher e escolher...

Será que as outras pessoas todas estão satisfeitas com suas vidinhas automáticas?
Todos os dias uma multidão de robôs sái de casa em direção ao trabalho, que nem sempre é o que queriam fazer.
Todos os dias as pessoas perdem coisas fantásticas a sua volta porque estão cegos e acostumados com sua rotina. Com seus afazeres, obrigações...
E todos eles julgam quem não aceite essas imposições...

Ontem eu voltava pra casa, alguma hora próxima à meia noite, não corria mas estava distraída com pensamentos e sentimentos que, já faz algum tempo, me tomam todo o tempo que tenho.
Na rua putas e mendigos.
Dividindo a pista comigo duas motos e um carro de placa de Betim.
Os motoqueiros andavam lado a lado, riam e faziam bagunça...
Decidiram fazer um retorno proibido, cortaram o carro de Betim pela direita e pararam.
Não sei o que fazia o motorista do carro, se ouvia música ou conversava, ou se estava como eu pensando sentimento.
Mas ele não parou.


Me liguei ali também. Reduzi, parei o carro a centímetros do outro.
Não, eu não bati, mas alguma coisa bateu aqui dentro. O coração disparou, eu ali sozinha no meio da rua, no meio do mundo. Eu ali, e a moto, e o carro.
Tudo acontecendo e eu pensando sentimento.
Sentimento, pode ficar comigo sim... Você é companhia pra minha falta... Mas vê se não me cega... Tô perdendo muitas coisas porque você exige atenção exclusiva.
Se você viesse acompanhado da presença, tudo bem... Mas a falta... Essa eu já cansei de sentir...

sábado, 20 de março de 2010

Ondulação

Existem duas formas de ver as coisas...
Uma é de olhos abertos, essa comum, regular... Mediana.

Estar na média... Onde a maioria das pessoas se encontra, nem mais, nem menos...
Igual.

Mas quando se fecha os olhos... Fechar os olhos...
Se vê tão mais!

Se vê o que sempre tentou ser escondido, jogado pra de baixo do tapete...
Pra fora da zona de conforto... Porque nos confortamos com as médias...
Eu não... Eu quero pólos. Ou quero ser muito boa, ou ser a pior. Não quero seguranças, posto que essas próprias se enganam, seguranças vistas são máscaras de medos, máscaras de receios, máscaras da insegurança que por ser vivo já bastava para termos...

Eu quero fora do padrão, fora das experiências em laboratórios hermeticamente fechados, controlados por um grupo competente de cientistas observadores...
Eu quero loucuras e viagens que me tirem do Real. Me levem para o IDeal.

Me levem para o perfeito para o meu eu, a minha ID.
Eu quero oito e oitenta, ao mesmo tempo, junto e misturado.
Quero alegria tão enorme que comece a doer.
Quero dor tão pungente que me faça sorrir.
Quero gostos e sabores novos e velhos, conhecidos e nunca experimentados.
Eu quero tudo e tanto e a tanto.

Quero além disso e de outras, esquecer para lembrar, esquecer para sentir, esquecer para ter vontade mais uma vez.
Quero o que somente o nada pode me oferecer.

E por, de nada, precisar, fico assim.
Sem voz, vez, lugar...

Fico cheia de ideias que não se ligam, não se unem, não se explicam.
Fico assim, mar agitado, esperando a calmaria que ordena o caos, me ordena.

sexta-feira, 19 de março de 2010

[Ins]piração

Não escrevo você-poesia.
Você é prosa que não pude provar
Os contos, todos, desajustados, sonham um dia te contar.
Transformei sua imagem num espelho
Só reflexo e reflexão
Sonho puro e contrastante com a realidade
Sonho doce
Amargo viver

Vem ver

Beringela

     Hoje eu quis falar com você, conversar sem nenhuma restrição sobre tudo o que fosse e é e será. Hoje eu quis muito que a cozinha fosse ...