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sábado, 12 de fevereiro de 2011

Sobreviver...

A: Ainda dói. Eu já te disse? Dói especialmente quando respiro e não é o seu cheiro que enche meu peito.
E: Por que você me diz isso agora? Eu já não espero na sua porta sem coragem pra tocar a campainha, já não espero você me ligar, não espero você vir com suas palavras ou seus carinhos.
A: Eu assisti um filme hoje...
E: Não vejo motivo pra alongarmos essa conversa.
A: Você já tinha me falado dele antes. E eu assisti, você não estava do meu lado, não estava perto. Acho que se escondeu em algum lugar, dentro.
E: Eu tentei te jogar fora, arrancar com as unhas... Mas não dá. Sempre tem um detalhe, um belo minúsculo e especial detalhe que me leva pra você, eu tento ligar essas coisas, essas mágicas a outras pessoas. Em vão.
A: Eu não quero ter que te esquecer.
E: Uma hora vai ser inevitável...
A: Eu já poderia ter feito.
E: ...
A: ...
A: Você pode um dia me visitar? Só passar um tempo em silêncio comigo?
E: Dos seus silêncios é que sinto mais falta. São tão sinceros...
A: Já é quase hora...
E: Sim, é hora! Meu ônibus, adeus.
A: Adeus, não se esqueça!
E: Não tenho lembrado de nada além.

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