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quinta-feira, 31 de agosto de 2023
Despedidas
Há um tempo atrás eu escrevi mentalmente cartas de despedida. Apenas três, pedidos de desculpa pelo o que eu deixaria de fazer, perdão pela bagunça, não foi por mal.
Há tanta crueldade nessa necessidade de se despedir, antes eu só pensava em ir embora e depois ia. Mas acontece que a vida, essa arrombada, ela tira pessoas do nosso caminho pra nunca mais voltar tão abruptamente e não, não existe esse momento onde nos abraçamos e nos despedimos. As cartas que ficam pertencem ao ficcional dos filmes, a gente nunca sabe quando é a última vez. A gente pode imaginar, mas saber? Não dá, é muito difícil.
Ainda assim, quando perdemos alguém, além do desejo de mais um minuto por favor, ficam as eternas despedidas que nunca tivemos, que nunca teremos, as despedidas que nunca teremos, as despedidas que nunca teremos. Os ritos, rituais e códigos que criamos pra nos despedir, nunca fizeram muito sentido pra mim, então como fazer para se despedir.
É natural querer mais quando é materialmente impossível? Talvez esse mais um minuto fosse grande merda, mas a gente romantiza. Romantiza tanto ao ponto de escrever cartas de despedida que nunca serão abraços calorosos, a gente coloca no papel um “eu te amo” que não vai amar mais, um “me desculpa a bagunça” que nunca vai arrumar nada. As despedida que nunca teremos face a face, só na cabeça.
Eu quero é sentir, mas estou anestesiado com as despedidas que nunca tive, as despedidas que nunca permiti, as despedidas que nunca dei, as despedidas que nunca terei.
Nunca, me desculpa.
Nunca.
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