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domingo, 9 de maio de 2021

Eu já tive mãe

Mãeeu faço isso há oito anos, o mês de maio também é difícil. São oito dia das mães sem conseguir fazer muito. São oito dias do seu aniversário que ficaram vazios.

Eu tento várias coisas, não me cobro mais, a vontade é ficar deitado o dia todo, procurar filmes ou livros que me fazem esquecer do dia de hoje.

A internet, é claro, não deixa. Então desligo tudo, tento não pegar no celular. Fico com o Sassá e tento fazer de hoje um dia normal, mas não dá né?

Queria fazer um almoço gostoso, limpar a casa, deixar tudo organizado, foi com essas metas que me deitei ontem, mas não fazem mais nenhum sentido.

Recolho meus cacos e vou enfrentar mais um ano, do jeito que der, com esse aperto no peito e a vontade de chorar contínuas.

Aceito minha força de hoje, e ela me permite ficar quieto, deitado, sem vontades. Tem sido difícil demais

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Como água

Me comprometi com mudanças severas na vida, uma casa, uma cidade, um clima, uma proposta.

A gente é como água.

Quem disse isso é outra pessoa de água, que entende que as vezes vem uma enchente e muda toda a aparência da região. E é essa a meta, andar até não reconhecer nada em volta e aí sim sentar e ver o que pode ser, o que pode ser feito.

É sobre construir uma nova realidade com as prioridades nos lugares, é ter foco e mesmo assim estar atento ao redor e pra dentro.

É sobre ir e viver e avaliar ao mesmo tempo em que se vivencia. 

É sobre como seremos nós mantendo nossos eu's e construindo o presente para o futuro que quero ter.

É sobre nós.

Mas também é sobre mim.

domingo, 27 de dezembro de 2020

Me levantei as seis em ponto da manhã, sem despertador, uma raridade nesses dias que ainda me ajeito no lugar que ocupo da existência. Me levantei as seis em ponto e me despedi, antes de pegar o celular, de uma das pessoas mais inteligentes que tive o prazer de conhecer. 

Hoje descansa quem tinha uma lição dada em cada conversa, quem me ensinou sobre estrelas e a importância delas na localização da gente, sobre como só vamos pra frente se soubermos onde estamos e sobre como cada ação que temos, por menor que seja no nosso dia-a-dia, invariavelmente atinge outras pessoas. 

Sobre a importância de escolher o bem, o coletivo, a união. Pedra fundamental na minha existência, referência de ser, até logo!

terça-feira, 5 de maio de 2020

Eu não tenho um nome para dar

Belo Horizonte, 05 de maio de 2020


Eu sonhei que o mundo ia acabar,
Não um 'ia', de 'em algum momento da história'
ele ia acabar aqui
Tudo após uma aparente normalidade,

Tudo seguido de coisa nenhuma.

Me senti muito despreparado,
muito desesperado.
Não sabia por onde começar,
se tentava fugir ou se deixava pra lá.
Não sabia se cuidava de mim, ou do meu irmão.

O fim do mundo é mesmo um evento complicado.
Não segue etiqueta,
Não segue código de vestimenta,
Mas principalmente,
não tem horário marcado na agenda.

Eu sonhei que o mundo acabava em água.
Pouco pode ter a ver com o fato do meu rim produzir calcificações,
Ou tudo.

Mas no sonho a água era o fim
Talvez o começo?

De qualquer forma, eu sonhei que rancores eram revividos
E dores eram reacendidas.
(fogo?)
Pessoas que magoaram umas às outras, continuavam a magoar umas as outras enquanto o mundo acabava.
Tudo igual.
Exceto o mundo acabando.
(Será?)

Ainda sim acabava o mundo.
Por obra humana
Gananciosa
Sem razão

Um homem vestido de 'companhia' roubava água de quem não tinha nada,
Vendia e distribuía essa água pra outras pessoas que tinham um pouco mais que nada
E envenenava a água que deixava à disposição de quem vendesse um rim pra pagar.
Ele então vendia a solução em pó de muitos problemas (causados por essa água) e convenceu o mundo a jogar-la em suas caixas d'água e esperar.
A solução, assim, seria distribuída a todos em 'igualdade', era essa sua proposta.

Logo os níveis de água subiam
Desespero começava a tomar conta
A mesma falta de respeito pela história se espalhou como vírus
Matou o respeito, o senso, a crítica
Todos seguiam cegamente a esse homem-empresa e acreditavam que todos os problemas estavam resolvidos.
As tubulações das cidades rangiam com o aumento da pressão
A tensão era material, palpável
Todos com medo, todos temendo que suas coisas-vidas estivessem correndo risco de não mais existirem.
Num piscar de olhos tudo se deu, o que segue é difícil explicar com exatidão.
Direi meu ponto de vista, afinal é tudo o que tenho:

Notícias na televisão, ligações desesperadas, da janela um caos silencioso de quem não sabe o que aguardar. Explosão. Sou jogado do outro lado da sala, corro para janela e vejo fogo nas construções próximas.
Pessoas começam a fugir, mas fugir pra onde?
De novo barulho, mais prédios sentiam os seus canos estourarem. Da janela, ônibus se agrupam na tentativa de tirar as pessoas desse lugar. O ar está espesso, quando já não há o que fazer descobrimos a razão.
A cura vendida em pó absorvia toda a água que chegava em contato com ela, expandia muitas vezes seu tamanho.
O mundo acabava em água, fogo e ganância.

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Eu sinto depois da meia noite.

Tenho pensado na vida e suas variáveis, nesses tempos, onde uma grande lua cheia iluminava as noites, eu passei várias delas acordado me perguntando quem sou.

Os anos vão passando cada vez mais depressa.
Os minutos cada vez mais devagar.

E nessa relatividade vou eu, conectando os pontos e tentando resolver o grande quebra cabeças que é...

Viver é muito complicado,
São esperanças e expectativas que cercam, pressionam, pedem por ações.

Muitas vezes me perco nos vazios, do que podia ter sido, do que foi, do que vai ser

Estar.

Do outro lado do oceano me encaro, não sei como cheguei, não sei como voltar. E se soubesse, voltaria pra onde?

Pensar na vida é enfrentar o terror do parafuso entrando na cabeça. Cada volta mais apertada, cada centímetro uma dor. E dor nem é a palavra certa.

Nós somos um não sei de possibilidades que não se concretizaram. Mas negações não formam uma pessoa.

Eu sou o que? As escolhas que fiz, as que deixei de fazer? Eu sou quem está no controle da minha vida?

Pensar é fazer perguntas? Sento no escuro do que sou para falar do que não é. E não, ser não é negar.

Como me atinge o que nego? Construo casas com tijolos imaginários, os colo com cimento fresco. Refresco minha memória, quem eu sou?

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Dentro de mim

Sempre tive medo de altura, de altura não, de cair.
Não gosto de chegar perto de janelas em andares altos, sempre tive a sensação de que meus óculos escorreriam pelo meu nariz e ao encontrar seu fim e se atirar nesse abismo eu me jogaria lá de cima pra resgatá-los.

Medo não tem sentido.

Eu tenho medo de escuro. As lembranças voltam ao tempo da infância, quando as luzes se apagavam vinha o medo de que no escuro eu não veria quando algum mau viesse me procurar. Já teorizei sobre isso, tenho claros na memória alguns pesadelos que me contam histórias reais de terror nas suas entrelinhas.

Medo tem forma.

Eu não gosto de ficar sozinho. Bom, eu não gostava. Na adolescencia eu comecei a entrar em pânico quando ficava só em casa. Carreguei por muito tempo essa aversão, se não houvesse mais ninguém em casa comigo eu ligava a tv, o som, o computador e telefonava pra alguém. Pedia por favor que conversassem comigo sobre o dia, inventassem uma estória, qualquer coisa que me fizesse focar em outra coisa se não o horror que me encontraria porque eu estava sozinho. Pânico. Minha cabeça pregava peças, meus olhos viam coisas, meus ouvidos escutavam o que não existia.

Medo é esmagador.

Essas travas as vezes me impedem de me ver como "normal", elas encontram abrigos em medos novos, elas me fazem sentir um nada. Me ensinaram que eu era menos. Menos gente, menos mulher, menos filha, menos querida. Essa foi minha infância e não existe culpa específica para explicar porque a criança que eu fui se sentia assim, é questão coletiva, é expectativa social.

A expectativa matou meus sonhos. Constato isso sem dor, não acredito que uma variável ou outra teria mudado minha história significativamente. Eu aprendi a cada ano que eu merecia pouco, que eu fazia pouco, que eu era pouco. Eu tinha sempre que ser mais, fazer mais, valer mais pra receber reconhecimento. Tentativas nunca contavam como positivas. Desde muito cedo a frustração me acompanha e eu temo continuar ainda um pouco mais lutando pra lidar com cada frustração que ainda vou viver. Eu sei que vou me frustrar muito nessa vida e tenho medo.

O medo é uma força negativa. Paralisante. É a impressão de que as coisas vão dar errado. Que não vou ser forte. Que não vai ser suficiente.

Eu cedi muito da minha vida pra esse sentimento. Tentei evitar me encontrar com ele, me isolei, errei... Errei muito! Errei em nome de um medo que sequer eu sabia nomear.

Medo é paralisante.

Não existe solução (pro meu coração), não tem nenhuma moral no que eu disse. O medo é real, o medo é controlador. Esse texto não tem um final feliz, ele não tem nem final. Os medos persistem, as vezes fortes, as vezes fracos. Tenho aprendido que de nada adianta temer sentir medo, isso o alimenta. Tenho seguido um dia de cada vez, uma coisa de cada vez, mesmo na incerteza tenho caminhado.

Mesmo no erro, mesmo com medo. Minha resistência é minha maior dádiva e viver é revolucionário. Medos podem ser superados.

terça-feira, 10 de julho de 2018

Qual o som das ondas quando não há ninguém para ouvi-las?

Te beijar não é uma expectativa, como numa obrigação cotidiana
como trabalhar ou lavar os pés.
É desejo, uma esperança que pode ou não se concretizar.
É um sabor que faz falta no café da manhã,
Um carinho gostoso de se ter.
Ter?
O que tenho são as lembranças, as sensações.
O que tenho é a vontade de te ver feliz.
Isso basta?
Isso acalma. Sentir seus beijos me faz feliz, te faz?
Minha vontade às vezes é de não soltar minha boca da sua.
Na impossibilidade me satisfaço de outras formas,
Me deixo contente com notícias boas,
Me acalento com a visão de que nada na vida é imutável, mesmo que improvável.
Não posso mudar o mundo para acolher todas as minhas vontades
Nem mudar minha vontade pra encaixar o mundo.
Deixo fluir, liberto, pra entender os espaços que ocupo, que me cabem,
que me afastam e aproximam dos seus lábios, como onda.

Vem ver

Beringela

     Hoje eu quis falar com você, conversar sem nenhuma restrição sobre tudo o que fosse e é e será. Hoje eu quis muito que a cozinha fosse ...