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quarta-feira, 3 de março de 2010

Para lembrar,

Saudade
De coisas antigas
Mas não por isso velhas,
Nem perdidas...

Talvez deixadas,
(maturando)
Andando com próprias pernas
E aprendendo novos casos,
Para que
(quando de novo em reencontro)
Possam dizer
Cortei quatro cantos,
Vivi e
Amei...

E nesse
todo tempo,
nem um dia sequer,
deixei de pensar
em você.

terça-feira, 2 de março de 2010

Cena I

Sentada no banco esperando
Contando segundos, suspiros, compassos

Do outro lado um atraso, imprevisto
Aperta o coração
Anda apressada, também conta...
Passos.

De um lado suspiro, do outro pressa.

Dos dois, corações acelerados. Junto com o tempo que passa.
No meio da confusão de palavras, passos, suspiros
Uma pausa
Na praça uma suspira, outra não controla o coração que bate forte
Uma sentada vê a outra atravessando a rua.
Os olhos se cruzam, junto com o caminho
Na praça, o tempo para, junto com as contagens.
Tempo, suspiros, passos, compassos
Tudo se mistura no som do silêncio
Silêncio de alto mar

De fora da vida dessas duas, um beija-flor observa, durante alguns segundos, parado em pleno ar.
Observa, se encanta e vai embora.

Cena III

Com tristeza constatou seu receio.

A porta arrombada combinava com o caos do quarto

Tudo espalhado, o espelho quebrado, as roupas todas fora do armário

No chão um rastro escuro guiava os olhos para trás da cama, guiava pr’um cheiro que parecia sair de dentro dela.
O medo crescendo dentro de si
Acendeu a luz. Gritou. A cor vermelha espalhada por entre cacos, roupas, papeis.

Correu.

Abraçou.

Se perguntou

(Porque?)

Se culpou.

(Porque?)

Enquanto tudo isso acontecia, duas meninas

(outras ou eram as mesmas?)

se reencontraram na praça da cidade, mas parecia a primeira vez.

(E na verdade era).

Cena II

Intuitivamente pôs a mão na maçaneta.

destrancada

Delicadamente chamou o nome dela

Silenciosamente abriu a porta do apartamento

escuro

Desconfiadamente tornou chamar o nome dela

Apressadamente entrou pela sala

desarrumada

Desesperadamente esmurrou a porta do quarto

trancada

Inconsequentemente arrombou a porta

susto

medo

dor

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Pra subir direitinho...

Tá doendo... Aqui dentro, doendo muito e não sái, não apaga...
E ainda se mistura com outras dores, outras intensidades, outros choros... E se engasgam todos... Presos no alto da garganta, machucam, sangram...
E eu aqui sozinha querendo, precisando de um abraço, precisando soltar isso tudo, essa dor, essa lástima...
E eu aqui nesse apartamento que diminui a cada respiração.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

"A boca tragando sabores"

Saboreia, inquieta, o silêncio das palavras que calou.
São banquete aos ouvidos da fantasia de mim.
São romances, mais vendidos, mais lidos e traduzidos no país da imaginação.

São aventuras sem fim, cheio de encontros, desencontros, superações.
Delicadeza e grosseria, amor e ódio, respeito e indiferença...

Palavras que correm soltas, escritas em cartas de baralho, projeto recém começado.
Contam causos, risos, tristezas, sorrisos...
Contam mesmo sem ter quem ouvir...
Contam aos quatro cantos, sempre um conto novo...

Suspiros sem vozes ecoam.
A frase vem leve e pequena.
Reverbera e sentencia
Queria você aqui.




BrabRUletanu

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Desab[af]o

Eu queria escrever um conto bonito, leve, livre... Poderia muito bem transcrever do caderno um que muito gostei, mas hoje não posso.
Hoje estou presa e irritada.
Hoje estou revoltada com muita coisa que nem cabe em mim.

Hoje eu estou triste com o que não foi mudado,
Hoje estou brava com os que não ajudam,
Hoje estou puta da vida com os que matam por matar, e mais ainda dos que matam sem saber...

Enfim, hoje eu estou revoltada com uma raça, que é praga, e da qual eu faço parte.
Sendo assim, vou transcrever um texto, mas ele é pura mágoa.

Escalo aquela montanha de lixo e corpos em putrefação, lá do alto vejo brilhos e luzes, vermelhas brancas, bombas e balas.

Aos meus pés o resto, do que fui, do que sou, do que podia ser. E muitos outros estão ali também, sem futuro, debaixo de destroços e de merda.

De cima da montanha de sujeira, algo parece cair como neve nas nossas cabeças, a diferença é que além de não ser branca, ela queima.

Milhões de flocos de cinza caem como no natal dos filmes que víamos na tevê. Mas a mensagem é outra, é a falta de futuro, é a morte, a dor, as chagas que ficarão na nossa terra, nossa casa, nossa pele.

É o fim.

Vem ver

Beringela

     Hoje eu quis falar com você, conversar sem nenhuma restrição sobre tudo o que fosse e é e será. Hoje eu quis muito que a cozinha fosse ...