ela digita rápido, escreve aleatoriedades pra tentar se entender. olha de lado, vê seu reflexo no pesado espelho. ele não costumava ficar ali, mas parece ter se encaixado bem ao lugar.
seu olhar é tão pesado quanto o velho espelho. seus olhos estão cheios de lágrimas e ela não sabe porque chora. talvez porque não tenha motivos. talvez por que tenha. talvez só por chorar. quando a gente nunca chora, desaprende o valor do sorriso. ela volta a se olhar, são tantas marcas, tanta vida. são retratos do que passou. ela se reconhece em cada ponto do seu rosto, em cada marca molhada, quente, a pouco tempo deixada.... ha muito tempo criada. e chora. mira sua imagem, novamente, e não se vê. vê marcas, lágrimas, esboços. nada e tudo, ao mesmo tempo. uma imagem opaca de seus próprios sentidos.
versão. Obrigada.
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quinta-feira, 17 de julho de 2008
ela digita rápido, escreve aleatoriedades pra tentar se entender. olha de lado, vê seu reflexo no pesado espelho. ele não costumava ficar ali, mas parece ter se encaixado bem ao lugar. seu olhar é tão pesado quanto o velho espelho. seus olhos estão cheios de lágrimas e ela não sabe porque chora. talvez porque não tenha motivos. talvez por que tenha. talvez só por chorar. quando a gente nunca chora, desaprende o valor do sorriso. ela volta a se olhar, são tantas marcas, tanta vida. são retratos do que passou. ela se reconhece em cada ponto do seu rosto, e chora. as lágrimas vão tomando todo espaço até que ela não se vê mais. fica tudo embaçado.
O quarto era frio e pequeno. O espelho, de frente da janela, refletia a pouca luz que entrava por todo o quarto.
Na cama alguém se preparava para levantar.
Na mesa de cabeceira um relógio de corda, um livro, um cinzeiro. Cheio.
Na rua barulhos dos que mal esperavam o amanhecer para trabalhar.
Algumas crianças já se encaminhavam para a escola.
Ele se levanta, já de cigarro aceso na mão.
Passa de frente ao espelho, nunca para, mas hoje vê-se essa súbita vontade. Se vira, se encara.
Nada.
Talvez seja a fumaça do cigarro, mas ele não consegue se ver.
Na cama alguém se preparava para levantar.
Na mesa de cabeceira um relógio de corda, um livro, um cinzeiro. Cheio.
Na rua barulhos dos que mal esperavam o amanhecer para trabalhar.
Algumas crianças já se encaminhavam para a escola.
Ele se levanta, já de cigarro aceso na mão.
Passa de frente ao espelho, nunca para, mas hoje vê-se essa súbita vontade. Se vira, se encara.
Nada.
Talvez seja a fumaça do cigarro, mas ele não consegue se ver.
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